Alimentos ultraprocessados afetam o cérebro e aumentam ansiedade, depressão e outros transtornos

Entenda como o consumo de ultraprocessados pode impactar a saúde mental, provocando depressão e ansiedade, e saiba como melhorar sua alimentação para proteger o cérebro.

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em 17/10/2024 Thiago Freire
Foto: Mulher esquantando comida ultraprocessada no micro-ondas / iStock

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Nos dias atuais, é difícil imaginar a rotina sem a presença de alimentos ultraprocessados. Práticos e acessíveis, eles ocupam um lugar de destaque nas prateleiras dos supermercados e no dia a dia das pessoas.

Entretanto, esses alimentos, que incluem desde biscoitos recheados até refeições congeladas, preocupam não apenas pelo impacto na saúde física, mas também pelos efeitos negativos que podem causar na saúde mental.

Com a rotina acelerada e o crescente consumo de produtos industrializados, a relação entre alimentação e saúde mental tem sido amplamente estudada, e os resultados são alarmantes.

O nutrólogo Gustavo de Oliveira Lima alerta para os perigos dos ultraprocessados: “Eles incluem uma vasta gama de alimentos ricos em aditivos químicos, conservantes, açúcares refinados e gorduras de baixa qualidade. Apesar da conveniência, essas escolhas alimentares têm sido ligadas a uma série de distúrbios psicológicos, incluindo depressão, ansiedade e fadiga mental.”

Estudos recentes reforçam essa conexão, revelando que dietas ricas em alimentos industrializados aumentam significativamente o risco de transtornos mentais.

Mas como isso ocorre? Vamos explorar as principais razões por trás dessa ligação e como os ultraprocessados afetam nossa mente.

Imagem ilustrativa de pessoa comendo ultraprocessados

O que são alimentos ultraprocessados?

Os alimentos ultraprocessados são produtos que passam por diversas etapas industriais, repletos de ingredientes que muitas vezes não reconhecemos como naturais. Entre esses componentes estão conservantes, emulsificantes, estabilizadores e corantes artificiais. Exemplos clássicos são refrigerantes, salgadinhos de pacote, massas instantâneas e embutidos.

A questão não é apenas o valor calórico desses alimentos, mas o impacto duradouro que eles podem ter sobre o corpo e a mente.

Segundo pesquisas publicadas na JAMA Psychiatry, indivíduos que consomem uma dieta rica em ultraprocessados têm 33% mais chances de desenvolver depressão ao longo da vida. Esse dado nos leva a refletir sobre como esses produtos podem interferir no funcionamento cerebral.

Por que ultraprocessados prejudicam a saúde mental

1. Inflamação crônica e depressão

Uma das principais razões pelas quais os ultraprocessados estão associados a transtornos mentais é seu papel na inflamação crônica.

Esses alimentos são carregados de açúcares refinados, gorduras saturadas e aditivos químicos que desencadeiam uma resposta inflamatória constante no organismo. Embora a inflamação seja uma defesa natural do corpo, quando prolongada, pode afetar diretamente o cérebro.

Um estudo publicado na Lancet Psychiatry mostrou que a inflamação crônica prejudica a comunicação entre as células nervosas, resultando em sintomas como depressão e ansiedade.

O consumo contínuo de ultraprocessados mantém o organismo em um estado inflamatório, aumentando o risco de transtornos psicológicos a longo prazo.

Ultraprocessados

2. O impacto dos ultraprocessados na microbiota intestinal

O intestino tem um papel fundamental na nossa saúde mental, sendo muitas vezes chamado de “segundo cérebro”. Existe uma conexão estreita entre o sistema digestivo e o sistema nervoso central, conhecida como eixo intestino-cérebro.

Alimentos ultraprocessados afetam negativamente a microbiota intestinal, prejudicando a diversidade de bactérias benéficas que vivem no nosso intestino.

Essas bactérias são essenciais para a produção de neurotransmissores como a serotonina, responsável pela sensação de bem-estar e felicidade.

Aproximadamente 90% da serotonina é produzida no intestino, e quando há um desequilíbrio, a produção desse hormônio é comprometida. Isso pode levar a sintomas de depressão, ansiedade e até estresse crônico.

3. Oscilações de açúcar no sangue e o humor

O alto teor de açúcares refinados em alimentos ultraprocessados é outra fonte de problemas para a saúde mental. Esses açúcares provocam picos rápidos de glicose no sangue, seguidos por quedas bruscas, o que pode resultar em alterações de humor.

Após o consumo de um biscoito recheado ou de um refrigerante, por exemplo, a glicose no sangue sobe rapidamente, gerando uma sensação temporária de prazer. No entanto, quando os níveis de açúcar caem, surgem a irritabilidade, o cansaço e a fadiga mental.

A longo prazo, essas oscilações podem comprometer o equilíbrio emocional, tornando o indivíduo mais suscetível a transtornos como depressão e ansiedade.

4. Deficiência nutricional e sua relação com a saúde mental

Além dos riscos já mencionados, os ultraprocessados são conhecidos por serem pobres em nutrientes essenciais, como as vitaminas do complexo B, o magnésio e os ácidos graxos ômega-3.

Esses nutrientes são fundamentais para o bom funcionamento do cérebro. A falta de vitaminas do complexo B, por exemplo, pode impactar diretamente a produção de neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor.

Dietas pobres em ômega-3 também estão associadas a um maior risco de desenvolver distúrbios de humor, como depressão. A deficiência desses nutrientes, tão comuns em dietas ricas em ultraprocessados, prejudica a saúde mental e emocional ao longo do tempo.

Como proteger a saúde mental com a alimentação

A boa notícia é que mudanças simples na dieta podem fazer uma grande diferença na saúde mental. Adotar uma alimentação rica em alimentos frescos, como frutas, vegetais e grãos integrais, promove não só uma boa saúde física, mas também mental.

Apostar em uma dieta anti-inflamatória e cuidar da microbiota intestinal são passos fundamentais para melhorar o bem-estar emocional.

“O impacto dos alimentos ultraprocessados vai além da balança. As escolhas alimentares afetam diretamente nosso bem-estar mental e emocional. Para aqueles que desejam uma vida equilibrada e feliz, é essencial adotar uma alimentação rica em nutrientes, priorizando alimentos naturais e integrais. Ao cuidar do que colocamos no prato, estamos também cuidando da nossa mente.”, conclui o doutor Gustavo de Oliveira Lima.

"O conteúdo deste site é destinado a fins informativos e educacionais, e não se destina a fornecer aconselhamento médico, dermatológico, nutricional ou de qualquer outra natureza. As informações aqui apresentadas não devem ser utilizadas para diagnosticar ou tratar qualquer problema de saúde. Recomendamos que você consulte um profissional de saúde qualificado para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado."

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