Coxinha é o novo pão de queijo? Entenda por que a coxinha virou tendência no Brasil
Da padaria à sala de reunião, a coxinha ganha novo status no Brasil ao unir afeto, identidade cultural e um consumo moderno em crescimento
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Poucos alimentos conseguem traduzir tão bem a alma brasileira quanto a coxinha. Antes vista como um lanche rápido de padaria, hoje ela vive um novo momento: tornou-se protagonista em cafeterias modernas, reuniões de trabalho e eventos corporativos. A transformação não é aleatória, ela reflete uma mudança real no comportamento de consumo, mais afetivo, simples e carregado de identidade.
Em um país onde o café é quase um ritual sagrado, o acompanhamento da vez está conquistando espaço até nos ambientes mais formais. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) revelam que o mercado de salgados cresceu 10% no último ano, enquanto o segmento de snacks deve manter alta anual de 6,49% até 2029. É nesse cenário que a coxinha ressurge como um símbolo da “sofisticação do simples”: acessível, democrática e capaz de agradar todas as gerações.
Mas o que explica essa ascensão? Especialistas apontam que a resposta está na gastronomia afetiva. A coxinha carrega memórias de infância, encontros familiares, festas e padarias de bairro.
“A coxinha sempre teve um poder emocional muito forte, porque representa memória e aconchego. O que muda é o cenário: ela migrou da vitrine da padaria de bairro para espaços antes ocupados por produtos mais tradicionais, como o pão de queijo”, explica Pablo Farias, CEO da rede Loucos por Coxinha, que acompanha de perto essa mudança no comportamento dos consumidores.
Esse fenômeno também acompanha um movimento maior da microeconomia brasileira: a valorização da nostalgia e da simplicidade como diferenciais de valor.
Em um mercado de alimentação que movimenta mais de R$ 100 bilhões por ano, segundo o Sebrae, produtos capazes de despertar afeto ganham força mesmo em tempos de instabilidade. O público busca sabor, sim, mas também conexão, e poucos itens conseguem entregar essas duas experiências de forma tão eficiente quanto uma boa coxinha.
Com sua forma inconfundível e sabor universal, o salgado ultrapassou as barreiras do óbvio. Ele aparece em mesas de coffee break corporativo, onde antes reinavam croissants e pães de queijo, e segue firme como o destaque das celebrações informais. Para Pablo, isso se deve à versatilidade e ao carisma do alimento.
“É um produto que une pessoas, desperta sorrisos e quebra a formalidade”, afirma o empresário.