Carnaval e Gastronomia: A história por trás dos pratos mais populares da Festa de Momo

Ao longo dos dias de folia, uma série de pratos tradicionais ganha destaque, e cada um deles carrega consigo uma história rica, que reflete as influências culturais e a diversidade do país

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em 14/02/2025 Guilherme Gusmao

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Subindo as ladeiras de Olinda atrás do bloco, pulando ao som do trio elétrico em Salvador, ou sambando na batida contagiante das escolas de samba na Sapucaí, os foliões vão gastar muita energia para aproveitar os dias de folia. E, para garantir que a diversão não acabe cedo, nada melhor do que estar bem alimentado, não é mesmo?

Pensando nisso, o Receita da Boa preparou uma seleção dos pratos tradicionais que são a cara do Carnaval e as suas histórias. Confira!

Pratos tradicionais de Carnaval

Feijoada

Este prato é uma verdadeira estrela do Carnaval, marcando presença garantida nas quadras e barracões das escolas de samba. Tradicionalmente, muitas agremiações promovem eventos em suas sedes, tanto para os integrantes quanto para o público em geral, oferecendo, entre outras delícias, a clássica feijoada.

Foi o que aconteceu no último sábado (8), quando a Estação Primeira de Mangueira realizou mais uma edição de sua tradicional feijoada. O evento contou com a presença ilustre da cantora Leci Brandão, que animou ainda mais o público.

Mas, se você perdeu essa oportunidade de saborear o prato, não se preocupe! A próxima edição da Feijoada Verde e Rosa já tem data marcada: dia 23 de fevereiro, com um show completo da Alcione, garantindo mais uma festa imperdível para os amantes da boa comida e música.

Feijoada – iStock

A feijoada, prato tipicamente brasileiro, carrega consigo a riqueza de influências da culinária africana e portuguesa. Sua receita é composta por uma mistura de carnes, como porco e boi, acompanhada do inconfundível feijão preto. Para completar, arroz, couve e laranja são os acompanhamentos que não podem faltar. E, claro, não há feijoada sem uma boa caipirinha ou uma dose de cachaça, que fazem a festa ainda mais animada e saborosa. Uma verdadeira celebração da cultura brasileira.

Acarajé

O acarajé, feito com feijão-fradinho, cebola e sal, é frito em azeite de dendê, o que lhe confere uma crocância irresistível por fora e uma maciez deliciosa por dentro.

Tradicionalmente recheado com vatapá, vinagrete de tomate verde e caruru, o bolinho é servido com pimenta e camarões frescos, criando uma combinação perfeita de sabores que conquistou o coração dos brasileiros e se tornou um verdadeiro ícone gastronômico.

Acarajé – iStock

Símbolo da Bahia, o acarajé tem um significado ainda mais profundo, sendo uma comida de orixá. Em iorubá, “àkàrà” significa “bola de fogo” e “je” é “comer”. Originalmente, o acarajé era um alimento sagrado, oferecido aos deuses africanos durante rituais religiosos.

Em entrevista ao Estadão, o chef Carlos Ribeiro, pesquisador da culinária brasileira com foco na gastronomia dos Orixás, explicou que o alimento é considerado nas religiões de matriz africana como um meio de agradecimento que fortalece o espírito, o corpo e a alma.

Já no Carnaval, o acarajé se transforma em combustível para os foliões, que encontram nessa delícia um reforço de energia para aproveitar blocos e trios elétricos. Barracas e vendedores ambulantes garantem que a iguaria esteja sempre à mão.

Macaxeira com Charque

A macaxeira com charque é um prato tradicional no Carnaval do Recife, amplamente conhecido entre os foliões como o alimento ideal para repor as energias durante a festa. A combinação simples, mas cheia de sabor, tem raízes profundas na história da culinária brasileira.

A origem do nome “mandioca” (ou “manioca”) está ligada a uma lenda Tupi, que conta a história de uma indígena que deu à luz a uma menina de pele clara e cabelo loiro, a quem chamou de Mani. No entanto, a menina faleceu e foi enterrada dentro da oca, a tradicional habitação indígena.

Alguns dias depois, uma planta brotou no local onde Mani foi sepultada, e os indígenas a chamaram de “Maniva”. Sua raiz, de casca marrom e polpa branca, passou a ser chamada de mandioca, em homenagem à menina, sendo uma junção de “Mani”, seu nome, e “oca”, o local onde foi enterrada.

iStock

Por sua vez, a charque, carne salgada e seca, foi trazida ao Brasil pelos colonizadores. Uma pesquisa feita por estudiosos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora Aparecida (FNSA), aponta que a charque chegou ao Brasil através dos portugueses e logo foi usada com sucesso no litoral nordestino, onde havia fartura de sol e sal.

A charque logo passou a ser incorporada em diversas receitas, incluindo aquelas que combinavam com a macaxeira.

Cachorro-quente

Essa iguaria urbana que conquistou o paladar brasileiro, é presença garantida nos dias da festa. Prático, saboroso e com infinitas variações, ele se torna o lanche perfeito para repor as energias entre um bloco e outro, sem perder o ritmo da folia.

Mas você sabia que a história do cachorro-quente é quase tão rica quanto a do próprio Carnaval? Há 164 anos, surgia na Alemanha a salsicha de Frankfurt, que logo cruzaria o oceano e se transformaria no famoso “hot dog” americano.

No Brasil, o cachorro-quente chegou na década de 1920, trazido pelo empresário Francisco Serrador, idealizador da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro. O alimento era vendido nos cinemas do empreendedor. A novidade conquistou rapidamente os cariocas, a ponto de inspirar artistas como Lamartine Babo e Ary Barroso, que compuseram a famosa marchinha de Carnaval “Cachorro-Quente”.

A versatilidade é o grande trunfo do cachorro-quente. Do clássico com molho agridoce e picles ao “completo” brasileiro, com purê, vinagrete e batata palha, cada região adiciona seu toque especial.

Cachorro-quente – iStock

Em São Paulo, o purê de batata é item obrigatório, enquanto no Rio, os ovos de codorna dão um toque gourmet. Já em Minas Gerais e Goiás, o milho verde entra em cena, e na Paraíba, a carne moída complementa a salsicha.

E se você pensa que o cachorro-quente é só um lanche rápido, engana-se! Com tantas opções de acompanhamentos e molhos, ele se transforma em uma refeição completa, capaz de satisfazer todos os apetites.

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